domingo, 25 de maio de 2008

1968 : Vinte anos depois






O jornalista e escritor brasileiro Zuenir Ventura produziu o livro chamado “1968 – o ano que não terminou” em 1988. Com uma análise aprofundada dos acontecimentos daquele ano, o autor relata, capítulo a capítulo, os bastidores de um ano de revoluções de idéias postas em prática em todas as áreas da vida em sociedade.

Pelo mundo passeatas em Paris, movimentos estudantis no México, assassinatos nos EUA de grandes ícones da sociedade, tudo isso fez parte do cenário apocalíptico de 68. No Brasil: movimentações estudantis que protestavam contra o regime militar formaram o contexto no qual ocorreram muito mais mudanças sociais do que políticas.

O 1968 brasileiro começa sua caminhada rumo à revolução social . Artistas, escritores, jornalistas e pensadores da época estavam presentes e poucos lembram, sobriamente, dos acontecimentos. Se soubessem que aquele rito de passagem representava, de certa forma, o que aconteceria naquele ano, com certeza muitos prefeririam estar sóbrios para lembrar de cada momento da festa. As idéias que fervilhavam nas mentes que por ali passaram foram as mesmas que levaram os jovens às ruas.

Cansados do regime militar, da opressão, da cultura autoritária dentro da família, os jovens queriam revolucionar. Levantaram a voz e foram às ruas na conhecida “Passeata dos 100 mil”, protesto por causa da morte do estudante secundarista Edson Luís, morto num confronto entre policiais e estudantes no Rio. Após este fato, a sociedade sensibilizou-se com as reivindicações da classe estudantil.

Desde então, desencadeou-se uma série de outros acontecimentos. Uns foram maiores. Outros, menores. Mas, todos ligados a esse espírito revolucionário, com um desejo profundo de mudar o país para melhor e libertar as pessoas da opressão, tanto social quanto familiar. As mulheres foram em busca de liberdade e independência.

Os homossexuais, em busca de afirmação social. Os jovens queriam mais liberdade em todas as áreas da vida. O ano termina com a instituição do AI-5 e muitos dos que estavam no réveillon da Helô foram presos, torturados e exilados. Inclusive, o autor.

Nesta obra, Ventura consegue retratar com riqueza de detalhes a visão dos que participaram ativamente deste processo marcante em 68. Depoimentos e documentos oficiais (inclusive, da CIA) embasam este romance histórico, publicado 20 anos depois. Como testemunha e agente daquele ano, o autor nos traz uma leitura leve e interessante, buscando priorizar os depoimentos a fim de reconstruir melhor essa caminhada textual de um ano que foi vivido intensamente, por ele mesmo e por tantos outros que, hoje, já não precisam temer sair às ruas e dizer o que pensam.

Hoje, possuem a liberdade que tanto desejavam. Uma pena que não seja a oitava maravilha do mundo, como os jovens imaginavam naquela época.

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